As ferramentas de medição do Quociente de Inteligência (QI) são ambíguas, porque se dermos o mesmo teste a um indivíduo em dois dias seguidos, ele melhorará o seu desempenho por causa do efeito de aprendizagem.
Há cientistas que defendem uma explicação para a melhoria progressiva dos resultados do QI de geração em geração: as melhorias verificadas no meio ambiente, na alimentação e, sobretudo, nos níveis de escolaridade. Cada ano suplementar na escola tende a aumentar 2 a 3 pontos nesse tipo de teste. Hoje, nos países industrializados passou-se de uma média de seis anos de escolaridade obrigatória no início do século XX para onze atualmente. Ora, todos esses efeitos conjugados permitiram aumentar os resultados de QI.
Com a inteligência é melhor, porém, que não nos fiarmos nas aparências: QI’s mais elevados podem não significar maior inteligência, mas melhor preparação para responder a esse tipo de provas.
A nossa inteligência é uma espécie de músculo, que devemos treinar para dela obter o máximo de potencial. Mas, à força de nos treinarmos, talvez já tenhamos chegado ao seu limite máximo. Os gráficos comparativos demonstram-no: depois de uma subida muito rápida nos anos 60, a curva média de resultados desde então tende a estabilizar em torno do QI de 108. Em certos países, como a Inglaterra, a Dinamarca e a Noruega até desce ligeiramente.
Essa estabilização do índice de QI explica-se por a escola ter desempenhado o papel que lhe cabia ao facultar aos indivíduos a capacidade de formular pensamentos abstratos.
Temos, pois um QI que estagna, um cérebro mais lento e pequeno. Sendo assim, para onde nos conduz a evolução da inteligência humana?
Hoje, mais do que medir o que a inteligência produz, vale a pena inverter a questão e interessarmo-nos pelo órgão que produz a inteligência. E, sobretudo, identificar o que possa ser um cérebro inteligente.
Graças aos avanços da imagiologia procuram-se identificar as zonas do cérebro onde essa inteligência se manifesta.
Richard Haier, neurólogo da Califórnia, rejeita a ideia de uma localização precisa no cérebro onde se localizaria a inteligência. Ao contrário do que se chegou a pensar, ela não se localiza na parte dianteira do cérebro, mas resulta de uma interligação permanente entre várias zonas, quer anteriores, quer posteriores, desse órgão.
Durante a realização de testes de inteligência, Haier conseguiu identificar zonas cerebrais que despertavam, mas a surpresa foi verificar que, quanto mais ativas elas se mostravam, piores eram os resultados. Concluiu, assim, que um cérebro inteligente não é o que parece funcionar mais ativamente, mas o seu contrário, Foi assim descoberto o conceito de neuroeficácia: ser inteligente equivale a resolver um problema com o mínimo esforço possível.
O cérebro equivale, pois, a uma grande orquestra em que as várias secções se conjugam de acordo com uma direção, que ainda não se sabe muito bem como e onde se manifesta. Mas em que a música é a inteligência.
Olivier Houdé, psicólogo da Sorbonne, procura esse chefe da orquestra e suspeita da necessidade de desarticular as interferências, que distraem a inteligência durante o processo de resolução de um problema e que carecem da intervenção de diferentes zonas cerebrais, que tanto se entreajudam como competem entre si.
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