quinta-feira, maio 19, 2016

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «Uma Rapariga no Verão» de Vítor Gonçalves

Em 1986 Vítor Gonçalves assinou a sua primeira longa-metragem, que justifica o lamento de muitos por ter demorado quase trinta anos a realizar a segunda.
Neste tempo, entretanto, decorrido, o filme quase ganhou estatuto de objeto mítico por haver quem o considere uma autêntica obra-prima do cinema português, decerto um dos mais interessantes do final do século XX.
Isabel, a protagonista, sintetiza os dilemas da sua geração, enleada nos muitos condicionalismos, que a prendem ao passado, e desejosa de encontrar soluções para possibilidades de futuro em que se sinta mais liberta. Por isso irá tentar o amor impossível voando alto até quase queimar as asas e aprender assim a distância entre o que se sonha e a realidade.
A realização é de um extremo cuidado com os olhares e os silêncios a acompanharem escolhas de planos e de desenvolvimentos da partitura sonora, que se encadeiam em múltiplas correlações. O que levou João Bénard da Costa a considera-lo “um filme de cortes violentos e brandas repetições, ou brandas circularidades?”



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