segunda-feira, abril 30, 2018

(EdH) O lado místico de uma cidade costeira tunisina


Se há ramo místico do islamismo, que me merece alguma simpatia - mesmo confessando-me avesso a qualquer forma de espiritualidade! - é o sufismo. Há muito que considero lindíssimos os bailados harmoniosos dos dervixes turcos, entregues ao hipnótico cirandar, que os aproxime do deus em que acreditam.
Não esqueço, igualmente, as vezes em que vi Miguel Seabra, do Teatro Meridional, a contar-me a lindíssima história do sr. Ibrahim. Quantas vezes me dirigi à melhor sala de teatro da Marvila para uma hora de pura magia, porque a educação do narrador imbuíra-se dos ensinamentos do mestre eivados de bondade e de humildade? Três, quatro vezes? Não sei, mas decerto lá voltarei se a peça for ali retomada para nosso inesgotado prazer.
Ora humildade - sentimento de que, apesar de tudo, costumo desconfiar, sobretudo se imposto por quem nele vê forma de oprimir! - é o que um membro de uma confraria sufi em Sidi Bou Saïd, na Tunísia, enfatiza como um dos comportamentos mais apreciados pelos devotos do mestre do século XII, que ali fundou o seu templo e deu nome ao lugar.
Edificado numa falésia sobre o Mediterrâneo, aquele lugar de peregrinação mobiliza crentes, que ali se dirigem para fixarem a atenção na linha do horizonte, fechando depois os olhos em morosa meditação até os reabrirem de novo, convencidos de terem, dessa forma, sentido alguma aproximação ao divino.
Qualquer semelhança entre este tipo de islamistas e os que se fanatizaram em projetos homicidas é pura coincidência.

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