domingo, abril 29, 2018

(AV) A descoberta da vida e obra de Arno Rink


Cheguei ao dia de hoje sem conhecer a obra do pintor alemão Arno Rink, de quem o canal ARTE acabou de apresentar elucidativo documentário. E, depois de o ver, dou razão ao filósofo ateniense que, quanto mais sabia, maior consciência tomava da sua infinita ignorância, por sobrar sempre tanto por descobrir, por conhecer.
No caso deste que foi dos mais representativos artistas leste-alemães e viveu entre 1940 e 2017, há a considerar a filiação ao Partido Socialista Unificado da Alemanha até à queda do muro, coerência que quase o condenou à condição de maldito. Nessa época dita comunista dirigira a importante escola artística de Leipzig, conhecida pela aposta no figurativismo, primeiro nos parâmetros estreitos do realismo socialista, depois mais sugestionada pela inspiração surrealista e pela tentação abstrata.
As obras evoluíram de uma mensagem política mais motivada - exemplares as obras indignadas contra o terror assassino de Pinochet - para nus femininos a representarem a mulher na sua impressionante força de carácter e sensualidade, ou para autorretratos ilustrativos do seu carácter angustiado, permeável às depressões.
Apesar de insultado, tratado como artista do regime, pelos medíocres, que se incumbiram dos saneamentos de quem trabalhara dentro dos parâmetros ideológicos da RDA, ele retomou a atividade docente, influenciando os alunos com tanta perspicácia, que deles viu emergir uma nova geração conhecida pela Nova Escola de Leipzig.
As obras, que deixou, abordam o amor e a morte, a sedução e o abandono. E começam agora a ser valorizadas, libertas dos preconceitos ideológicos, que quase as condenaram a irreversível e imerecido índex...

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