sexta-feira, abril 20, 2018

(DIM) «O Dia da Saia» de Jean Paul Lilienfeld


Há dez anos este telefilme de Lilienfeld ganhava honras de participante no Festival de Berlim e dava-nos a ver uma Isabelle Adjani bem diferente da que conhecêramos nos anos 80, quando a sua beleza singular vestia personagens frágeis quantas vezes ultrapassados pelas dinâmicas circunstanciais. Aqui a fragilidade deixa de ser ostentada para dar espaço a uma força insuspeitada, que põe em causa os já frágeis equilíbrios entre a escola e os bairros pobres que a rodeiam.
Adjani  é uma professora, que vive amiúde à beira de um ataque de nervos, tanto mais que o próprio casamento acaba de chegar ao fim. A já duvidosa complacência com o racismo e a misoginia que querem impedi-la de trajar de saias em vez das mais recatadas calças, será a gota de água, que a fará transmutar-se numa versão inesperada da sua personalidade. Aquela em que, por impulso,  decide tomar os alunos como reféns e dar a conhecer todas as frustrações passíveis de lhe justificarem a almejada catarse na violência homicida.
Rejeitando o discurso consensual sobre os problemas da Educação, Lilienfeld complexifica a situação, associando fatores como os das confusões identitárias dos alunos, o esgotamento dos docentes, as ameaças à laicidade, a cegueira das hierarquias e o alheamento dos políticos.

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