segunda-feira, abril 30, 2018

(DIM) Quando Truffaut põs Belmondo embeiçado pela Deneuve («A Sereia do Mississipi», 1969)


Louis Mahé é um sentimental. Empresário na Ilha da Reunião apraza casamento com Julie, conhecida por correspondência, e que virá da Nova Caledónia ao seu encontro. Será breve a surpresa do futuro noivo: ela não se parece nada com futura esposa, sendo muito mais bela.

A explicação que lhe dá é prontamente aceite, porque a Deneuve dessa época retirava o discernimento aos mais incautos. Só quando consumados os esponsais, e ela desaparece levando-lhe o dinheiro, quer pessoal, quer da firma, é que Louis percebe o logro em que caíra.
Ademais a cunhada surge-lhe a propor a contratação a meias de um detetive, porque a irmã nunca mais a contactara. Confirma-se, pois, que uma usurpadora substituíra a verdadeira Julie para fazer o golpe do baú ao ingénuo protagonista.
Marion, o verdadeiro nome da vigarista, é localizada num bar de Antibes e Louis logo a confronta com o que lhe fizera: ela confirma-lhe ter sido instrumento da jogada do amante, assassino de Julie, e a mandara assumir-se em seu lugar.
Como Truffaut tem coração tão piegas quanto Louis - e também William Irish em cujo romance se baseia -, logo o par se embeiça a tal ponto, que põe o protagonista a matar o detetive, que não achara nenhuma graça à possibilidade de perdoar os crimes da sereia e a queria levar ao castigo. Mas na fuga que se segue, perdem quase todo o dinheiro o que justifica a dúvida dela quanto a ter nele parceiro fiável. Por isso ainda o tenta matar, antes de cair em si e tudo acabar de modo a satisfazer quem achar que, acima de quaisquer outras razões, o amor é mais forte do que tudo.

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