sábado, abril 21, 2018

(EdH) Breve síntese das grandes viagens da Humanidade


As primeiras migrações começaram há cerca de sessenta mil anos. Pressionados pela fome e pela curiosidade um grupo de homo sapiens partiu à descoberta do que se encontrava para lá do continente africano. Deslocando-se a pé ou em jangadas, iam em muitos casos atrás das migrações dos animais, que costumavam caçar. Foi assim que, pouco a pouco, povoaram os cinco continentes.
As primeiras aldeias surgiram, quando os habitantes aprenderam a cultivar a terra e a domesticarem os animais. No terceiro milénio antes de Cristo a descoberta do bronze aproxima os Euroasiáticos, obrigados a concertarem os esforços para estabelecerem as novas rotas comerciais.
O Império Romano nasce nas margens do Mediterrâneo estendendo a sua influência nos séculos seguintes. Dezenas de milhares de pessoas deslocam-se para ai, ora para se estabelecerem, ora para lhes servirem de escravos. Roma torna-se a cidade mais multicultural existente até então. Mas no fim do século IV, a chegada dos Hunos, vindos da Europa oriental, perturbou o equilíbrio existente e marcou o início de um novo ciclo: o das grandes invasões.
A descoberta da América por Cristóvão Colombo e o surgimento dos impérios coloniais transformaram a existência da maior parte dos 400 milhões de humanos, que povoavam o planeta no século XV. Onde quer que se instalaram oprimiram e dizimaram as populações autóctones, propagaram as suas religiões, e implantaram novos vegetais, animais e micróbios. O balanço foi desastroso: num século 98 dos 100 milhões de ameríndios pré-colombianos  morreram, sobretudo afetados por doenças contra as quais não estavam imunizados. Para substituir essa mão-de-obra barata, mais de 12 milhões de escravos africanos foram deportados para o Novo Mundo, um terço dos quais sucumbiu durante a viagem.
No início do século XVII a expansão prosseguiu para leste com a fundação da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais, que chegou a ter ao seu serviço perto de um milhão de jovens europeus no que viria depois a chamar-se Indonésia.
No século XIX a inovação técnica e a revolução industrial impulsionam uma nova configuração mundial: a das migrações em massa. Enquanto o caminho-de-ferro reduzia significativamente a duração dos trajetos, o barco a vapor permitia aos mais desvalidos a travessia dos oceanos. Para escaparem à pobreza e à fome 50 milhões de europeus deixaram o Velho Continente em busca de uma vida melhor. Paralelamente adotaram-se leis sobre a imigração e ganharam terreno os nacionalismos.
Hoje, apesar de milhões de pessoas deixarem os locais onde nasceram para garantirem um futuro mais promissor aos filhos, a gestão internacional das migrações, preconizada por muitos como imprescindível à humanização do processo, continua a revelar-se tragicamente incompetente.
Texto baseado nos materiais promocionais distribuídos pelo canal ARTE a propósito da apresentação do documentário «As Grandes Viagens da Humanidade», realizado por Christian Twente

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