quarta-feira, abril 11, 2018

(AV) A Capela do Monte: uma nova obra emblemática no portfolio de Siza Vieira


Foi com o edifício da Fundação de Serralves, que me tornei num incondicional da arquitetura de Siza Vieira, mesmo conhecendo-lhe as obras anteriores, mormente as relacionadas com o projeto SAAL do pós-25 de abril cuja génese, desenvolvimento e posterior sabotagem fora acompanhando pelos jornais como sintoma de uma evolução política, que prometera utopias e se ficara pelas meias tintas da democracia burguesa.

Na revista do «Expresso», de duas semanas atrás,  vieram reproduzidas as fotografias ao lado, que testemunham uma das suas mais recentes obras, construída numa propriedade particular no Algarve, muito próxima da praia da Luz.
A capela de 65 m2 reflete o despojamento do artista, que criou obras sempre apostadas na busca do silêncio. Ora, sem água, nem eletricidade, apenas com o altar, a cruz e seis cadeiras, o pequeno edifício tem tudo para cumprir esse desígnio. Concebido de acordo com a proporção do espaço de implantação na paisagem circundante tem todas as condições para se tornar numa das mais emblemáticas realizações de Siza, só se lamentando a dificuldade em a ela aceder, mesmo considerando que, daqui a alguns anos se enquadrará dentro do projeto de turismo rural, em que os donos pretendem investir quando se reformarem das presentes atividades profissionais na Suíça.
Do que as fotografias possibilitam conjeturar até um ateu confesso sentirá emoções indizíveis se se vir a sós com o espírito daquele lugar, porventura um dos que possa melhor sugerir a possibilidade de uma qualquer forma de transcendência a quem se sentir tentado a nela acreditar.

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