O primeiro concerto a que assistimos no domingo no CCB teve por temática a música escandinava de Nielsen, Grieg, e Sibelius, na interpretação da Orquestra da Gulbenkian dirigida por Frédéric Chastlin.
Mas para nós a Suite nº 1 de «Peer Gynt» era o grande momento do programa por nos recordar uma experiência inesquecível: termo-la escutado no seu ambiente mais adequado.
Foi há mais de um quarto de século, quando estávamos a bordo do «Funchal» e naquela luz de lusco fusco de uma noite que não chegara a cair e de um dia ainda a romper pela madrugada, sentámo-nos na secretária do camarote a ver desfilar a paisagem dos fiordes, que nos iriam fazer aportar a Bergen ao início da manhã. No gravador de cassetes pusemos, então, uma interpretação desta peça, em som muito baixo para não despertarmos a nossa filha, ainda criança, que dormia profundamente ali quase ao lado. Sentimo-nos a viver um desses momentos mágicos, que raramente acontecem na vida e jamais olvidados. Porque estávamos juntos e deparávamos com a beleza em estado puro, apesar da promessa de futuras ausências relacionadas com a profissão de “marinheiro ainda nas graças do mar”. Uma preocupação que procrastinávamos para outra ocasião!
Quer isto dizer que, anteontem, não tivemos ouvidos para as demais obras propostas do programa? Claro que tivemos, mas convenhamos que, por muitas e boas razões, preferimos bastante mais Grieg a Nielsen ou a Sibelius.
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