No âmbito da Festa do Cinema Italiano, que está a decorrer em Lisboa, e se estenderá pelo resto do país nas próximas semanas, uma das suas propostas mais aliciantes é a possibilidade de regressar ao cinema do recém-desaparecido Ettore Scola, o realizador que com Bertolucci prosseguiu por mais alguns anos o fulgor do cinema transalpino do pós-guerra.
Realizado em 1974, este filme apareceu-me na altura em contraponto com o que sentia: aos dezoito anos, e com a realidade à minha volta a ser transformada pela Revolução dos Cravos, acreditava na capacidade da geração a que pertencia em mudar duradouramente o mundo em função do nosso idealismo. Por isso essa história de três amigos, que tinham partilhado lutas e ideais na Resistência contra o invasor nazi e se reencontravam muitos anos depois para reconhecerem o fracasso de todas as pretéritas ilusões, vi-a como sendo exatamente aquilo que gostaria de evitar.
Afinal, quarenta e dois anos depois, sou obrigado a reconhecer que Scola tinha razão na frase, que resumia o sentimento dos três amigos do filme: “Queríamos mudar o mundo, mas foi o mundo que nos mudou”.
Além da excelente história, o filme ainda permite-nos reencontrar grandes nomes do cinema italiano: Manfredi, Gassman, Sandrelli, Fabrizi...
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