«Eu sabia!», disse-me a Elza, quando Ricardo Ribeiro entrou em cena no Pequeno Auditório do CCB. É que, além dos três músicos do Trio liderado por Rabih Abou-Khalil, estava um microfone do lado direito para um convidado. E, como já há mais de seis anos que o fadista português participa em trabalhos de fusão com o grande compositor libanês seria mais do que natural essa reiterada colaboração perante um público disposto a deixar-se levar pelos sons do Próximo Oriente. Quer os decorrentes do seu exotismo, quer os dos seus dramas, porque Khalil não deixou de evocar a Guerra Civil do seu país, que pareceu superada, mas volta a estar tão iminente com os incêndios belicistas, que lavram à sua volta.
Além do líder com o seu alaúde (oud), Jarrod Cagwns nas percussões e Luciano Biondini no acordeão revelaram-se exímios executantes dos respetivos instrumentos.
Da prestação de Ricardo Ribeiro pode-se lamentar que o seu microfone não estivesse regulado suficientemente alto para que a voz não resultasse tão abafada pelo acompanhamento, mas bastou para perceber a proximidade idiossincrática entre a tradição do fado e as sonoridades do Médio Oriente faz todo o sentido. A forma sofrida como o amor é traduzido numa e noutra civilização - mais como anseio do que como concretização! - acaba por relacionar o lamento, que em ambos se colam às vozes ou aos instrumentos.
Mas a música de Khalil, na sua complexidade, permite muitas interligações com tradições musicais diversas, quer a da música clássica ocidental, quer a do jazz. Ela é a melhor demonstração do que é a world music no seu melhor...
Sem comentários:
Enviar um comentário