As megalópoles costeiras estão cada vez mais expostas às inundações. Como contrariá-las? De Nova Iorque a Banguecoque, passando por Tóquio, o filme de Marie Mandy é uma abordagem ambiciosa com dezenas de testemunhos impressivos.
Inicia-se com imagens de 29 de outubro de 2012, quando metade de Nova Iorque esteve às escuras, invadida pelas águas oceânicas e com incêndios provocados por centenas de curto-circuitos. Depois do Katrina e seus mil e oitocentos mortos, essa nova catástrofe associada ao furacão Sandy, expôs novamente a vulnerabilidade das megalópoles costeiras face às ondas de tempestade e às inundações.
Embora alguns tenham, então, falado de um tsunami, não foi isso que ocorreu: as ondas de tempestade ocorrem à superfície do oceano e são ondas incrementadas por ventos fortes.
No mundo existem 136 cidades portuárias, ricas e pobres, ameaçadas. Sobretudo situadas em deltas. Na origem do fenómeno: o aquecimento climático e a subida do nível dos oceanos, mas também o afundamento no solo (a subsidência) e a sua liquefação, que resultam de uma urbanização caótica, de uma excessiva bombagem dos lençóis freáticos e da multiplicação de barragens, que impedem a passagem de sedimentos dos leitos dos rios até à foz.
Xangai, Banguecoque, Tóquio, Dacca ou Jacarta: estas cidades asiáticas, que cresceram freneticamente, são as mais expostas.
Como prevenir as catástrofes, que comportam consequências humanas e económicas desastrosas? Ver-nos-emos obrigados a abandonar essas grandes metrópoles cada vez mais ameaçadas?
Por ora, os habitantes do litoral fogem ou adaptam-se através das construções sobre pilares, enquanto os diques edificados sob a pressão dos acontecimentos tendem a proteger os mais ricos em detrimento dos desfavorecidos, como se tornou escandalosamente evidente na capital tailandesa.
Em Tóquio proibiu-se a bombagem das águas dos lençóis freáticos e reforçaram-se os diques de proteção nas zonas rurais. Em Xangai, onde muitos acusam os arranha-céus de causarem o afundamento da cidade, existe um ambicioso programa de vigilância da subsidência Mas a consciencialização do fenómeno remete inevitavelmente para as opções das sociedades: repensar o urbanismo e viver com a água em vez de a combater.
O modelo secular da Holanda inspira outros projetos de resiliência urbana: em Hamburgo a audaciosa «HafenCity» retoma o conceito de pilaretes, enquanto Nova Iorque aposta num programa colaborativo, o «Rebuilt by design», que corresponde a reconstruir respeitando a natureza. Esta proposta do holandês Henk Ovink, especialista na gestão deste tipo de desafios propõe, como solução, um aumento da consciencialização coletiva deste problema complexo, ao mesmo tempo que se concretizam projetos de transformação das cidades e dos litorais com a participação ativa das instituições e das populações.
O modelo secular da Holanda inspira outros projetos de resiliência urbana: em Hamburgo a audaciosa «HafenCity» retoma o conceito de pilaretes, enquanto Nova Iorque aposta num programa colaborativo, o «Rebuilt by design», que corresponde a reconstruir respeitando a natureza. Esta proposta do holandês Henk Ovink, especialista na gestão deste tipo de desafios propõe, como solução, um aumento da consciencialização coletiva deste problema complexo, ao mesmo tempo que se concretizam projetos de transformação das cidades e dos litorais com a participação ativa das instituições e das populações.
Tal como foi feito na Holanda, em vez de elevar diques, há que dar espaço à água, flexibilizando a sua gestão. Com o sistema de dunas, que têm a mesma função protetora do litoral dos mangroves, conseguiu-se conter o risco das inundações. Mas, no Vietname, a solução foi, precisamente, criar mangroves no delta do Mekong, porque em cada um dos casos estudados há especificidades próprias e são elas a definirem as soluções mais adequadas e resilientes.
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