Uma Ética democrática deveria impedir os países ocidentais de replicarem os métodos terroristas, quando aprisionam os que deles são suspeitos. Trata-se de não nos deixarmos contaminar pela falta de valores e de escrúpulos dos que parecem ter tanto gáudio em matar e morrer como aquele facínora espanhol que, durante a Guerra Civil, se comprazia em proclamar: «Viva La Muerte!».
Explica-se assim que os casos de tortura em Abu Grahib tenham sido sancionados e que Obama chegasse à Casa Branca com a promessa de acabar com o escândalo dos campos de prisioneiros em Guantanamo. Será decerto um dos fracassos mais óbvios dos seus dois mandatos não ter conseguido concretizar esse objetivo: a arbitrariedade e a tortura, mesmo que só psicológica, continuam a ser aí inaceitáveis.
Contando com Kristen Stewart como protagonista, numa confirmação de ser ela a mais provável sucessora das grandes atrizes norte-americanas capazes de optar pelos papéis mais exigentes e ideologicamente sensíveis, o filme «Camp X-Ray» espelha a progressiva empatia entre uma carcereira e um dos seus prisioneiros.
Independentemente de ser ou não culpado das suspeitas que lhe atribuem, Ali Amir é um homem cuja identidade está a ser aviltada por um ambiente concentracionário impiedoso. E Amy Cole perde a inocência de que vinha imbuída, compreendendo que o sentido do dever é mais complicado do que lhe querem impor as suas chefias militares.
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