Frederick Wiseman é um dos realizadores mais importantes no género documental, tendo-nos dado a ver uma América muito diferente da terra de sonhos e de oportunidades, tão profusamente disseminada nos imaginários ocidentais durante décadas.
No âmbito do ciclo dedicado a filmes sujeitos aos caprichos da Censura, e como tal proibidos ou cortados, a Cinemateca apresenta esta tarde «Titicut Follies», que Wiseman rodou num hospital psiquiátrico prisional do Massachusetts: o Bridgwater Institute for the Criminally Insane.
Tão só houve conhecimento da conclusão do filme, logo o Supremo Tribunal desse Estado norte-americano tratou de o proibir sob a alegação falaciosa de estar em causa a privacidade dos reclusos, muito embora o que estivesse verdadeiramente em causa fossem as condições degradantes em que aí sobreviviam os pacientes.
Porque pretendia calar definitivamente esse protesto em forma de cinema, a instituição judicial até deu ordem para a destruição de todas as cópias, o que levou Wiseman a recorrer para o Supremo Tribunal Federal, que se escusou a emitir parecer.
«Titicut Follies» ficou num limbo até que, em 1987, as famílias de sete dos reclusos processaram o Bridgwater Institute», acusando-o de métodos bárbaros no seu tratamento. Tinham decorrido vinte anos de maus tratos sobre vítimas indefesas e sob a maior das impunidades. Mas só em 1991 conseguiu autorização judicial para ser exibido sem restrições...
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