A um ritmo quase anual revisito «2001 Odisseia no Espaço», que figura na lista pessoal dos melhores filmes da minha vida. Por isso mesmo vale a pena lembrá-lo nos seus significados mais distintos, entre o que se torna visível numa leitura mais aligeirada e a complexidade do que pressupõe em conformidade com aquelas célebre inscrições de Gauguin no Museu das Belas Artes de Boston: “Donde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”
Na «Aurora da Humanidade» existe uma paisagem árida onde os antropoides lutam contra as feras e os seus congéneres.
Um dia descobrem, espantados, um paralelepípedo de que se aproximam entre a curiosidade e o medo. Não tarda que um deles invente a primeira arma, valendo-se de um osso.
Num raccord oportuno esse osso lançado ao ar transforma-se numa nave espacial, que se dirige a uma estação orbital em torno da Lua. Quem ali se encontra - sobretudo cientistas! - debate sobre uma estranha forma geométrica surgida na cratera de Tycho. A expedição, que ali se dirige, descobre um paralelepípedo semelhante ao conhecido pelos antropoides perto da respetiva gruta. Ao nascer do sol esse objeto emite ondas em direção a Júpiter.
No início da segunda parte, intitulada «Missão Jupiter», dois cosmonautas, Bowman e Poole, conjuntamente com outros três cientistas em estado de hibernação, dirigem-se ao maior planeta do sistema solar na nave «Discovery», cujo controle é exercido por um computador dotado do poder da reflexão e da palavra: o Hal 9000.
Sem que nada o fizesse esperar, ao aproximar-se de Júpiter, o Hal começa a sinalizar sentimentos inquietantes: cria uma avaria, que obriga Bowman e Poole a saírem para o espaço para repararem uma antena. É a ocasião por ele aproveitada para matar Poole e os três cientistas adormecidos, só se salvando Bowman, que consegue regressar ao interior da nave e desligar o computador assassino. Só no seu estertor é que ele revela o verdadeiro fito da missão.
Entramos depois na terceira parte, intitulada «Para lá do infinito». Sozinho, Bowman tenta descobrir a origem das misteriosas emissões de ondas relacionadas com o monólito lunar. Ao aproximar-se do planeta gigante numa cápsula espacial, Bowman cruza um outro monólito idêntico aos dois precedentes , antes de se ver aceleradamente atraído para a superfície do planeta olhando para um desfile de imagens e de paisagens cujo significado lhe parece mais caótico do que compreensível.
No final ele vê-se na condição de um velho moribundo num quarto decorado ao estilo Luís XVI, onde reencontra, uma vez mais, um monólito semelhante aos anteriores. Ao morrer Bowman transforma-se num feto, que atravessa o espaço e contempla a Terra.
Recordada a sinopse do argumento estamos prontos para aprofundar a abordagem ao filme, que o próprio argumentista, Arthur C. Clarke, dizia só poder vir a ser superado por um outro, que fosse mesmo rodado no espaço.
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