Se o programa «Metropolis», do canal franco-alemão Arte, não tivesse feito dela a cidade habitualmente visitada em cada semana para aferir da sua vida cultural, nunca teria dado pela importância de Czernowitz, pequena, mas histórica, cidade situada na ponta ocidental da Ucrânia, muito perto da fronteira com a Roménia, numa região chamada Bukovina.
O facto de se situar no centro da Mitteleuropa fê-la ver invasores chegarem e partirem, mudando-lhe a dependência dos mais variados reinos e repúblicas. Nos anos 20 até os próprios miúdos, que brincavam nas suas ruas falavam fluentemente três línguas e a comunidade judaica constituía metade da sua população.
Culturalmente era cidade importante com uma universidade reconhecida pelos que a frequentavam ou aí vinham atraídos por ela. Paul Celan, o poeta ou a cantora lírica Rose Aüslander aí habitaram quando existia um convívio pacífico entre os seus habitantes, apesar das diferenças étnicas e religiosas, que os poderiam separar.
A Segunda Guerra causou mais estragos humanos do que arquitetónicos, já que a cidade ainda parece ter ficado aprisionada no passado apesar do estado de abandono em que muitos dos seus edifícios ou o cemitério judeu se encontram. Da população mais perseguida pelos ocupantes nazis só um terço sobreviveu, porque oitenta mil acabaram inexoravelmente nos campos de extermínio.
Porque quer reportar o que a cidade vale hoje culturalmente a reportagem mostra o museu judaico, o Festival Internacional de Poesia e as canções de amores frustrados de daKooka.
Sobre a guerra na outra ponta do país, quase ninguém parece importar-se com ela.
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