Em 1796 o físico francês Laplace publicou a «Exposição do sistema do mundo» que, conjuntamente com o «Tratado da Mecânica Celeste» surgido três anos depois, proclamou a total ausência da intervenção divina no movimento dos astros.
Iluminista por influência de D’Alembert, que tanto contribuiu para o fazer entrar nos mais importantes cenáculos científicos do seu tempo, Laplace conseguiu atravessar a Revolução Francesa sem ser guilhotinado e adaptou a Lei da Gravitação Universal de Isaac Newton à sua cosmogonia. Que viria a ser adotada doravante como a mais consensual para explicar como os planetas se movem no zodíaco, as estrelas parecem nele fixas e os cometas se comportam como vagabundos errantes, afinal mais regulares nos seus longos ciclos do que pressupunha o clarividente francês.
Quando se viu confrontado com as três mil páginas dos dois primeiros tomos do seu Tratado, que o autor lhe viera pessoalmente entregar, Napoleão ter-lhe-á dito: “Monsieur Laplace, dizem-me que haveis escrito este extenso tratado sobre o sistema do mundo sem ter mencionado o seu Criador , isto é verdade?” Ao que Laplace respondeu: “Sire, não senti necessidade dessa hipótese.”
Ele que quase fora empurrado para se tornar seminarista, negava a Deus o papel que a igreja teimava em atribuir-lhe. Na época, porém, ela já não tinha o poder de o forçar a abjurar como fizera com Galileu. E assim se atribuiu à Ciência, à Razão, o que só a ela cabe. Porque o resto é mera superstição.
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