sábado, outubro 15, 2016

(L) «Teddy» de J. D. Salinger

Dos contos de Salinger que li este, datado de 1952 quando foi publicado pela «New Yorker»,  é um dos mais estranhos, tanto mais que o tipo de filosofia oriental em que ele se ia embrenhando é-me assumidamente estranho.
O interesse do escritor norte-americano pelas religiões orientais ainda não resulta de uma das mais anódinas modas adotadas por muitos intelectuais ocidentais, mas de uma opção filosófica difícil de perceber, mas importante o bastante para entender o rumo posterior da sua obra.
Não acredito em iluminações, em reencarnações, e outras coisas que tais, próprias de um budismo para mim tão absurdo nos seus fundamentos quanto qualquer das grandes religiões monoteístas, mas temos de levá-las em conta, pelo menos no campo das possibilidades, para decifrarmos algumas chaves fundamentais para o entendimento do que ele escreveria doravante.
Ao entrarmos na história depressa se sente que comporta um conflito iminente, em curso ou, mesmo, já concluído.
Teddy é um miúdo de dez anos com características de genialidade precoce, explicável em função de ter atrás de si sucessivas reencarnações incapazes de alcançarem o karma.
Um outro passageiro do paquete, onde ambos viajam entre a Europa e a América,  pretende saber mais sobre ele, atendendo à forma como o vê rejeitar a realidade sem ponta de emoção. Quer saber, por exemplo, se ele lhe consegue adivinhar a data em que morrerá. Mas Teddy nem sequer consegue prever a sua, ocorrida quase de seguida quando é empurrado para a piscina pela irmã caprichosa.



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