Em 1951. Salinger terá demorado cinco meses a escrever este conto, recusado pela «New Yorker» por ser considerado demasiado curto, mas que seria publicado na revista britânica «Information World Review» no ano seguinte.
Dedicada ao padrasto, vemos o narrador, John Smith, lembrar os seus dezanove anos, quando com ele regressara de Paris, onde a mãe morrera e a guerra estava prestes a começar.
Entediado com as aulas na Escola de Artes responde a um anúncio para Montréal, aonde a Academie des Vieux Maitres pretende contratar um monitor para os seus cursos por correspondência.
Fingindo-se dez anos mais velho e inventando um vago parentesco com o pintor Daumier, acrescentando ainda uma fase em que fora confidente de Picasso, vê-se contratado pelo casal Yashoto, que vive num apartamento situado num dos mais modestos bairros da cidade quebequense.
Entre os alunos, que procuram corrigir os seus erros está a irmã Irma, uma freira de que nem consegue adivinhar a idade mas por quem Daumier-Smith se apaixona assolapadamente.
O problema é que, tão só lhe escreve a primeira carta e já o padre Zimmerman, superior dela, proíbe qualquer futuro contacto entre os dois.
Decidido a embebedar-se para superar o desgosto, o rapaz regressa a casa e tem nova epifania amorosa com a rapariga que, no andar de baixo, decora a loja de próteses aí existente.
Pouco saberemos, porém, sobre essa nova paixão, porque a Escola Yoshoto fecha por falta de alvará e o falso Daumier-Smith vê-se obrigado a regressar à alçada do padrasto em Rhode Island e à Escola de Belas Artes que, momentaneamente, abandonara.
O biógrafo Kenneth Slawenski considera que, com as suas súbitas epifanias, anuncia-se aqui o misticismo ulterior de Salinger, que viria a manifestar um interesse empático com o budismo Zen.
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