Que imagem damos para o exterior? Quando expomos as nossas maiores fragilidades existirá alguma forma de remediar o mal entretanto cometido? Este é o tema do conto publicado por J. D. Salinger na «New Yorker» de 14 de julho de 1951 e depois integrado na sua antologia intitulada «Nove Contos».
Apesar de sessenta e cinco anos entretanto decorridos, os amores e desamores continuam a ser assunto intemporal e universal, havendo sempre triângulos amorosos onde uns sofrem a rejeição e outros vivem efémeras ilusões quanto a soluções para as rotinas quotidianas em que estão mergulhados.
A história começa com um homem grisalho a atender o telefone ouvindo Arthur do outro lado a perguntar-lhe se vira Jeanie. É que não sabia por onde ela andava e sentia uma enorme vontade de desabafar.
Segue-se um longo diálogo com um a queixar-se do comportamento adúltero da mulher e o outro a relativizar-lhe os argumentos, aconselhando-o a que durma porque a noite vai alta e, pela voz, percebe-se que o desgosto fizera-o beber demais.
Do lado de cá a rapariga que estava a passar a noite com o homem grisalho - seguramente Jeanie - vai-se entretendo em gestos de circunstância.
No limite Arthur é travado na intenção de vir a casa do amigo desabafar presencialmente, mas quando o homem grisalho e a episódica amante estavam para retomar a cumplicidade amorosa, que tinham interrompido, Arthur volta a ligar para informar da chegada dela a casa e de tudo se ter solucionado.
Para o leitor a verdade é outra: embora ainda sozinho, Arthur só pretende compor a imagem social, que pusera em causa com o seu telefonema anterior. Mesmo que isso constitua um paliativo pífio para o drama interior em que está mergulhado.
Sem comentários:
Enviar um comentário