segunda-feira, outubro 08, 2018

(DL) Vinte anos depois...


Faz hoje vinte anos, que tive uma das grandes alegrias da minha vida: a notícia da atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago correspondia não só ao reconhecimento de um Escritor, com maiúscula bem grande, mas também um  chapadão violento em Cavaco Silva, Santana Lopes e Sousa Lara, que o tinham destratado de forma inqualificável, quando se tratara de apresentar « O Evangelho segundo Jesus Cristo» a um importante prémio europeu.
«Falta de senso e de gosto», assim classificou Marcelo essa atitude avalizada pelo antecessor, devolvendo-lhe com juros as deselegantes palavras a respeito da substituição de Joana Marques Vidal. Mas só um tonto como o Invejoso continua apostado em denegrir o enorme valor literário e humanista de Saramago, como ontem o repetia no «Diário de Notícias». A alegria de há vinte anos veio demonstrar que, por muito que os bufões pareçam ter um enorme poder, acabam sempre por se verem achincalhados com os juros devolvidos pela História às suas crapulosas ações.
Daqui a muitas décadas Saramago continuará ser recordado e estudado como o primeiro escritor de língua portuguesa a ganhar a merecida distinção. Quem se lembrará então da tríade de tontos, que lhe deram vontade de se exilar em Lanzarote ou do despeitado, que, de tanto olhar para o umbigo, perdeu definitivamente o sentido das realidades?
Nos anos - espero que muitos! - em que ainda viva, tenho a certeza de voltar a reencontrar alguns dos  personagens  - Blimunda, Lídia, Raimundo, a mulher do médico (que vê), Tertuliano ou Salomão - que tanto prazer tive em conhecer...

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