O nome de Jeffrey Eugenides tornou-se-nos conhecido, quando Sofia Coppola rodou «As Virgens Suicidas», baseado num dos seus romances. Agora ele voltou a surgir-nos a talhe de foice a propósito da recolha de contos recentemente publicada em França com o título «Razões de queixa» («Raisons de se plaindre»).
São treze histórias sobre a tendência para as personagens da classe média carpirem-se e em que a identidade de género também assinala a sua presença. Vivem a crédito, sempre preocupadas com o dinheiro que não têm, e frustradas com as desilusões, sobretudo quando a virilidade é forçada a pôr-se de cócoras.
No processo criativo Eugenides diz que tudo começa com a definição de alguém sobre quem lhe apetece escrever, aprofundando-lhe os sentimentos e as vicissitudes por que irá passar que, invariavelmente, o acabam por surpreender. É o saber como começa a história, mas não imaginar como poderá acabar. A seu ver é essa a forma mais expedita para compreender o mundo em que vive e onde a polarização entre contrários cresce a tal dimensão, que uns e outros acabam por se assemelhar no radicalismo do que defendem.
Tomemos o exemplo de Tomasina, uma dessas protagonistas: ela “ajuizava a fecundidade de um homem pelo seu odor e tato. Uma vez, para divertir Diane, pedira a todos os homens que pusessem a língua de fora. Eles tinham anuído sem nada questionarem. Como de costume. Os homens gostam de ser reduzidos a objetos”.
Eugenides cria um estereotipo masculino feito de queixumes, de pequenas cobardias, de má fé, de erros consecutivos e de imensa falta de jeito. “Não seriam pessoas com que gostássemos de nos cruzar, mas o humor resgata-os. Acabam por se parecer connosco”.
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