segunda-feira, outubro 22, 2018

(DIM) «Mea Maxima Culpa: Silêncio na Casa de Deus» de Alex Gibney (2012)


O documentário já tem seis anos, mas, apesar de demasiado longo para quanto pretende demonstrar, mantém a atualidade, porque nada de substantivo mudou na forte probabilidade de crianças inocentes serem vitimadas por predadores sexuais, escondidos nos seus respeitáveis hábitos de padres, bispos, quiçá mesmo cardeais. Porque, mesmo não sendo culpadas efetivas de violações, as mais altas autoridades da Igreja Católica têm imposto o silêncio e o encobrimento como regra ao longo de mais de dezassete séculos.
O filme é protagonizado por quatro dessas vítimas, decididas a, em adultos, denunciarem as agressões sexuais a que foram sujeitas num internato para crianças surdas - a St John’s School for the Deaf no Milwaukee - e cujo diretor, o padre Murphy, agia como um lobo a rondar o redil das indefesas ovelhas. 
Apesar das denúncias sobre o caso datarem do início dos anos sessenta, o clero norte-americano cuidou de poupar o criminoso ao justo castigo, desvalorizando os testemunhos das suas vítimas. Mesmo quando o caso chegou à secretária do cardeal Ratzinger ou ao conhecimento de João Paulo II, qualquer deles revelou pérfida indiferença para com o sofrimento dos que deveriam defender.
O documentário vai mais além e, através dos exemplos de outros casos ocorridos na Irlanda, em Itália ou em França, demonstra ser essa a «cultura» da Igreja Católica de acordo com as orientações do Vaticano. Embora não o explicitando o filme deixa a dúvida quanto à possibilidade da resignação de Bento XVI ter tido a ver com a iminência de um escândalo, que ele sabia estar prestes a rebentar e de que fora um dos principais responsáveis.
Ao assistir a este filme só me sinto ainda mais firme no ateísmo, que me dissocia de uma instituição manifestamente delinquente...

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