segunda-feira, maio 27, 2019

(VOL) Quando um polícia diz o óbvio


O óbvio é, às vezes, visto como detendo tal novidade, que se fica surpreendido com os efeitos suscitados em quem preferiria manter vivas as mistificações do quotidiano. Vide o caso do polícia, que disse o de todos sabido: existe um racismo larvar nos nossos corpos policiais, que justifica muitos dos escândalos dos últimos anos relativos à violência perpetrada contra jovens dos bairros mais desfavorecidos. Por muito que almas sensíveis tenham-se sentido ofendidas com os propósitos de quem os denunciou, os casos ocorridos na Cova da Moura ou no Jamaica foram exemplo do que disse o membro da corporação. E que acrescentou o quanto podem contribuir para que jovens ainda não atraídos pelo mundo da delinquência a ele se entreguem por se saberem humilhados e ofendidos por muito bom que seja o seu comportarem-se.
É claro que os colegas do referido polícia, vice-presidente do sindicato, não gostaram do retrato, que deles esboçou. E querem ostracizá-lo, fazê-lo passar as penas por dizer o que deveria ser consciencializado e tomado em conta na nossa sociedade. Porque assim se precaveriam os incidentes suscitados pela raiva de quem não vê futuro viável à sua frente, que evite o ciclo da toxicodependência e dos diversos tráficos, que os podem cooptar nos seus guetos.
A verdade afigura-se muito dolorosa para os meros instrumentos de repressão de um sistema político incapaz de gerar maior justiça e igualdade, quando provém de quem julgavam cúmplice dos ledos enganos em que se deixam cristalizar...

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