quinta-feira, maio 16, 2019

(DIM) «Os Mortos Não Morrem» de Jim Jarmusch (2019)


O Festival de Cannes deste ano apresenta muitos motivos para que os cinéfilos estejam particularmente atentos, porque nele se apresentarão alguns dos filmes mais interessantes a vermos nos próximos meses.
Logo na abertura tivemos «The Dead Don’t Die» de Jim Jarmusch, que sabemos irrepetível na capacidade de nos suscitar tão superlativo contentamento, quanto ocorreu há dois anos com o seu «Paterson». Ainda assim Adam Driver volta a fazer parte do elenco, mas também temos de volta outros atores, que nos habituámos a ver nos filmes de Jarmusch, desde Bill Murray a Iggy Pop, de Tom Waits a Tilda Swinton.
É explícita a homenagem ao mítico «A Noite dos Mortos Vivos», que George Romero assinou em 1968 e nos demonstraria como o filme de zombies pode conter uma poderosa metáfora sobre a sociedade em que vivemos.  Como Jarmusch refere na conferência com a imprensa destacada para o Festival, os monstros da História do Cinema costumam vir de fora, seja do espaço, seja de locais inexplorados do planeta. Ao contrário os zombies provém do interior da nossa desencantada sociedade, para no-la porem em causa, mesmo dela se tornando invariáveis vítimas.
No filme de Jarmusch existe Centerville, uma pacata cidade onde nada parece acontecer, mas subitamente virada do avesso, quando a Terra sai do eixo, e o fim do mundo parece inevitável. Como já Romero nos quisera demonstrar, não seremos nós, os que nos julgamos normais, os zombies de uma sociedade obcecada pelo consumo?

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