sexta-feira, maio 17, 2019

(VOL) Quando Álvaro Siza Vieira viu lá fora, as potencialidades aqui boicotadas


Álvaro Siza Vieira lembra que a Arquitetura europeia, até mesmo a mundial, muito se inovou a partir do contexto do pós-guerra, quando havia que reconstruir as cidades bombardeadas, ou destruídas pelos combates, e contar com o afluxo a elas de uma população rural atraída pelas oportunidades, que suscitariam.
Curiosamente o arquiteto formulou essa tese logo após relembrar a experiência SAAL, projeto generoso do Portugal de Abril, destinado a facultar casa digna a quem a não tinha, e logo abafado pela contrarrevolução subsequente ao 25 de novembro de 1975.
Felizmente para Siza Vieira as suas propostas para os novos bairros sociais receberam a devida atenção exterior e depressa viu-se convidado para criar projetos para a Alemanha, a Holanda e para a cidade de Veneza. Ganharia assim uma dimensão internacional o que começara por ser uma aventura intramuros. E, sorte também para o seu protagonista, ostracizado pelas ideias de rutura com os cânones vigentes, mas encontrando trabalho fora de portas para compensar o que dentro delas não tinha.
Os que em 1976 decidiram acabar com o projeto SAAL não imaginavam estar a, involuntariamente, alavancar a dimensão criativa de um dos seus principais intervenientes, que por ela viria a ser globalmente reconhecido e a revelar-se o mais prestigiado arquiteto português. 

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