sexta-feira, maio 10, 2019

(VOL) Os misteriosos megálitos etíopes


Aprendemos na História, que ela evoluiu cronologicamente em função do estado de desenvolvimento das sociedades humanas. Naquilo que Karl Marx definiu como os «meios de produção». Só que esse progresso  não ocorreu harmoniosamente em todo o planeta. Há apenas algumas décadas, encontraram-se comunidades pré-históricas a viverem na Papuásia ou na Amazónia. E arqueólogos franceses andam a colaborar com colegas etíopes  na prospeção de sítios arqueológicos no vale do Rift onde, há nove ou dez séculos, existiam populações ainda a viverem tal qual os humanos do tempo do Neolítico.
O chamariz para o trabalho científico foi a presença de milhares de estelas com uma forma fálica nos planaltos montanhosos de Sidamo e no território do povo Gedeo. A sua razão de ser constitui um enigma ainda longe de se considerar decifrado.
Descobertas há menos de um século por um pastor protestante, que iniciou o seu rastreio, essas pedras distinguem-se de outras, de carácter antropomórfico, reservadas a fins funerários. Um dos maiores problemas enfrentados pela equipa liderada por Roger Joussaume tem a ver com a dificuldade de datação de tudo quanto envolve o objetivo dos seus estudos. O clima e a acidez do solo elimina rapidamente os tecidos orgânicos das ossadas, pelo que dificilmente se consegue rigor na avaliação da sua antiguidade.
Muitos dos dados recolhidos pelos cientistas decorrem do comportamento das populações da região, que conservaram saberes ancestrais para a criação de utensílios em cerâmica, ou praticam rituais de culto dos mortos como os antepassados lhes legaram em tempos imemoriais. E até mesmo quando os cientistas procuraram reerguer um megálito tombado, devolvendo-o à verticalidade original, foram os habitantes locais a consegui-lo mediante o recurso dos seus braços, superando o esforço inglório dos europeus, que haviam visto frustrado o intento de o conseguirem mediante os conhecimentos atuais.
O que, no fim de contas, se conclui é pela falta de respostas para as questões que a expedição arqueológica da Universidade de Bordéus pretendera ver respondidas, sendo provável que as populações locais as saibam, pelo menos em parte, sem que os seus momentâneos hóspedes as tenham sequer conseguido aflorar.

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