sexta-feira, maio 24, 2019

(DIM) A passagem da adolescência à idade adulta


Pouco visto no nosso país o cinema alemão continua a revelar um dinamismo merecedor de melhor atenção por parte dos nossos distribuidores. Mas não é só nas longas-metragens, que essa realidade se afirma, sendo estimulantes muitos dos filmes de menor duração produzidos pelas escolas de cinema ou por quem encontra motivos bastante para financiar os primeiros projetos dos alunos acabados de delas sair.
«Ne m’appelle pas frère» de Gina Wenzel e «L’âge du premier baiser» de Antoine Dengler têm em comum abordarem como tema a passagem da adolescência para a idade adulta e um mesmo jovem e prometedor ator, hoje com 19 anos: Mateo Weasing Lorris.
No primeiro filme Cheyenne é a única rapariga aceite num grupo de colegas dados ao álcool e aos atos irreverentes, para além de pertencerem ao mesmo clube de futebol. Por isso, quando Dany surge sabe-se lá de onde, e é cooptado  pelos amigos, fica despeitada: apesar de ser o elemento mais recente, vê-o ganhar prerrogativas a ela negadas só por ser rapariga. Espreitando-o à socapa, conclui que Dany é, igualmente, rapariga, embora muito bem disfarçada no seu aspeto masculino. E, na oportunidade seguinte, quando o álcool já correu abundantemente pelas gargantas de todos, propõe uma brincadeira coletiva destinada a desmascarar a odiada rival que, desmaiada, acaba por ser violada pelos supostos amigos. A história é, pois, a de quem, sendo oprimido vira a raiva contra quem lhe deveria merecer a solidariedade, favorecendo o estatuto dos opressores.
Em «A Idade do Primeiro Beijo» temos um miúdo de 14 anos, Damien, a quem é diagnosticada uma doença cardíaca passível de o fulminar mortalmente de um momento para o outro. Só que ele anseia por ainda conhecer a sensação do primeiro beijo, que lhe dizem ser dado em média na sua idade. Mas a vizinha Rosalie não se mostra disposta a satisfazer-lhe tal anseio.

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