quinta-feira, maio 09, 2019

(DL) «Estocolmo» de Sérgio Godinho


Quase parece uma moda: no romance mais recente de Inês Pedrosa há uma professora violada por um aluno, uma colega que seduz um outro, e por isso é diabolizada socialmente. No de João Tordo há uma professora de piano, que tem relações com o jovem autista a quem dá aulas e a quem abandonará numa floresta densa da Baviera. Chego ao «Estocolmo» de Sérgio Godinho e apanho com uma concupiscente locutora de telejornais a sequestrar um jovem para o ter como seu escravo sexual, perdendo-o para a própria mãe, que não só o liberta, como o terá como amante até o cancro a levar.
O que quererá dizer esta coincidência temática focalizada no sexo consensual, ou não, entre mulheres mais velhas e adolescentes (ou há pouco saídos de tal condição)? Aceitam-se palpites, porque não vislumbro razões circunstanciais, que expliquem esta súbita tendência.
O romance de Sérgio Godinho lê-se-muito bem. O nosso melhor escritor de canções tem, igualmente, a mão firme de quem muito leu e disso se serve para a competente elaboração da intriga. Não tem a construção complexa do romance de João Tordo, exigindo menos do leitor, aqui só sujeito a um nível de leitura cronologicamente sequencial. E como depreendêramos dos poemas cantados do autor o Amor é para ele um sentimento onde não se admitem limites nem fronteiras...

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