quarta-feira, maio 01, 2019

(DIM) Artavazd Pelechian na Cinemateca


Um dos nomes mais importantes da História do Cinema foi Dziga Vertov que, entre 1919 e 1954, assinou alguns dos mais impressionantes filmes soviéticos, dando substância ao que Edgar Morin e Jean Rouch viriam depois a teorizar como sendo o Cinema-Verdade. Não precisando de recorrer a palavras, mas não dispensando a música - importante para melhor enfatizar a montagem das imagens - , o grande mestre do Kino-Pravda seria influência incontornável para gerações sucessivas de realizadores.
Um dos herdeiros de Vertov é o arménio Artavazd Pelechian, que virá à Cinemateca nos últimos dias de maio para apresentar os filmes rodados durante três décadas, e em quem sempre existiu o cuidado de transmitir a realidade através de imagens a sucederem-se com uma dinâmica e um encadeamento, que sugere as leituras por ele pretendidas sem a necessidade do recurso à ficção ou aos diálogos. Muito embora essa manipulação dos fotogramas não nos limite a liberdade de estabelecermos as nossas próprias interpretações sobre quanto alcançamos.
Segundo o texto dispensado pela instituição, que o acolherá, “a música desempenha um papel essencial, Pelechian constrói verdadeiras estruturas corais que, dispensando a palavra, apontam para uma visão cósmica da vida e da História. Um cinema em que o homem se inscreve diretamente no movimento da natureza, do Mundo e da História, movimento vertiginoso portador de um lirismo fulgurante.”
Representante de uma forma de encarar a arte cinematográfica como ela, infelizmente, deixou de se exprimir, Pelechian bem merece sair do quase esquecimento em que caiu, para ser lembrado como um dos seus mais estimulantes criadores.
O link aqui proposto  é o de um filme de 2011 do italiano Pietro Marcello, que homenageia o grande realizador com um filme que lhe replica o estilo e lhe recorda muitas das suas obras.

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