segunda-feira, janeiro 29, 2018

(DL) Ratos mortos na Hungria fascista

Porque é que a Hungria tem estado sujeita à ditadura de Viktor Orbán sem que a Comissão Europeia proceda de acordo com o que lhe estipulam os tratados? O impressionante romance de Benedek Totth pode ajudar a compreender o porquê ao dar conta do estado de degenerescência moral verificado nos seus adolescentes, autênticos niilistas sem pruridos quanto a concretizarem os instintos homicidas.
A história começa com um crime: atropelando um ciclista um grupo de adolescentes nem se dá ao trabalho de irem ver quem fora a sua vítima. O narrador, que é um deles, descreve-os como adolescentes desocupados, demasiado afeiçoados a metanfetaminas e ao sexo com as namoradas tolas nos passeios sem destino ao volante dos carros emprestados pelos complacentes papás.
Os insultos são constantes  e as referências nulas. A sociedade a que pertencem deixou de 
controlar as mensagens, que começou por lhes facultar. Por isso a gratuitidade dos gestos é total, tanto envolvendo o urinar para uma piscina como ter relações sexuais com uma criança. A brutalidade vai num crescendo servindo o episódio inicial como a ignição de um descontrole progressivo da violência até ela desarvorar totalmente no capítulo final. Impera a lei do mais forte, a busca por uma emoção de que se se revela incapaz.
O relato é o de um fascista sem consciência de o ser, suscitando o asco de quem para tudo aquilo olha de fora e se questiona como é possível instigar alguma forma de humanismo em quem procede como o mais hediondo dos selvagens.

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