segunda-feira, janeiro 15, 2018

As partes do todo (VII): 15 de janeiro de 2018: Eleanor Roosevelt e Martin Rees

1. Nada faria prever que, apesar de inteligente, a tímida Eleanor Roosevelt teria tanta influência na política norte-americana. Esposa do carismático presidente, que lançara o New Deal depois da crise de 1929, emancipar-se-ia da sua tutela ao envolver-se em lutas contra todos as formas de discriminação, apenas movida pelo desejo de favorecer uma maior justiça social.
Feminista e militante dos direitos das minorias, ela percorreu todo o território federal para ouvir os humilhados e ofendidos, tornando-se deles porta-voz junto do esposo. O casal acabou por constituir uma equipa capaz de atrair à causa democrata novos eleitores, sobretudo os afroamericanos.
Foi graças a esse apoio que, em 1939, quando a cantora lírica Marian Anderson foi impedida de dar um concerto numa sala tutelada por uma organização feminista, não isenta do preconceito racista, Eleanor causou furor ao organizar um concerto alternativo junto ao Lincoln Memorial e assistido por muitos milhares de pessoas.
A fachada familiar, porém, não condizia com a realidade, porque o casal foi afastando-se progressivamente, Frank envolvido com a secretária, Lucy Mercer, e Eleanor a viver o grande amor da sua vida com a jornalista Lorena Hicock, a grande responsável por a introduzir nas tertúlias vanguardistas e revolucionárias para escândalo dos mais conservadores.
A imagem que dela ficou foi a de uma mulher moderna, comprometida com os ideais de liberdade e que serviria de inspiração para Hilary Clinton, enquanto autoassumida defensora da mesma visão progressista da realidade.
2. A Terra existe há 45 milhões de anos, mas só agora se chegou à Era Antropocénica, ou seja aquela em que, pela primeira vez, a nossa espécie pode determinar, para o bem ou para o mal, o futuro de toda a nossa biosfera. Numa entrevista facultada a Teresa Firmino («Público»), o astrofísico britânico Martin Rees reconhece-se otimista tecnológico, mas pessimista político. Oscilando entre o lado positivo de a maior parte das pessoas viver melhor do que anteriormente, mas ao mesmo tempo verem-se ameaçadas pelas armas nucleares, pelas alterações climáticas e pelo potencial mau uso das novas tecnologias.
Desafiado a considerar as hipóteses de sobrevivência da espécie ele recorre à estimativa mais compreensível: 50-50.

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