sexta-feira, janeiro 12, 2018

As partes do todo (IV): 12 de janeiro de 2018 - que fazer da Democracia?

1. Há a sociedade em que as leis vêm ditadas de cima e aquela em que, quem se lhes submeterá, será também quem as cria. Esse grande passo civilizacional foi dado pelos antigos gregos, que impuseram a dissipação do divino no espaço democrático. A heteronomia surge, então, como forma de organização da sociedade em que a hierarquia do grupo sobrepõe-se a qualquer um dos seus indivíduos. Mas estes assumem-se como transformadores e não meros seguidores de uma qualquer tradição.
2. Pensar filosoficamente não se direciona apenas para si mesmo. Trata-se de tentar colocar-se no lugar dos outros e expressar-lhes as opiniões por palavras que sejam incapazes de formular.
Governar em Democracia também deve ser isso: interpretar as aspirações os cidadãos e fazer os possíveis por as concretizar. Por isso mesmo o exercício do poder deveria significar o exercício da abnegação. Algo impensável num Trump, jamais capaz de entender o seu papel de ator incumbido de interpretar e representar a vontade coletiva dos seus concidadãos.
3. Os grandes políticos são os que conseguem emancipar-se de si mesmos. São os que se revelam suficientemente corajosos para dizerem o que se justifica em cada circunstância, tomando decisões em contextos, que implicam o conflito. Embora individual, o exercício da governação deverá aproximar-se, tanto quanto possível, dos interesses coletivos.
4. A Nação é o espaço onde se exercem os compromissos sociais e políticos. Hoje em dia os tratados internacionais, que se vêm sobreposto a essa ideia de Nação, têm vindo a ser sucessivamente derrotados, porque a Revolução Francesa deixou dentro de todos nós o desejo da Soberania. Como sinónimo de conquista da Liberdade, de respeito pela identidade.
5. Ao contrário do que pretendem os fascistas, as nações soberanas não devem ser vistas isoladamente, porque implicam o respeito de umas pelas outras, excluindo a possibilidade submissão ou de opressão. Um bom exemplo disso mesmo está aqui ao nosso lado, com a soberania catalã a ser reprimida pelo centralismo madrileno.

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