segunda-feira, janeiro 22, 2018

As Partes do Todo (XI) - 21 de janeiro de 2018: o Parque Nacional do Triglav (Eslovénia) e Federico Fellini

O outro país, que partilha com Portugal a nacionalidade oficial das nossas netas, é a Eslovénia, país com metade da superfície da Suíça e situado no nordeste do mar Adriático. Mas em tão limitado território, é grande a diversidade da paisagem, desde os picos alpinos até à beira-mar, passando pelos planaltos cársticos e as planícies.
Os Alpes Julianos, cujo nome homenageia o antigo Imperador romano,  são constituídos por centenas de picos escarpados, quase todos a superarem os mil metros de altitude. O mais elevado de entre eles é o Triglav, com 2864 metros, que dá o nome ao Parque Nacional situado no noroeste do país, e é um dos mais antigos da Europa.
Particularmente adequado às caminhadas, essa paisagem obriga quem nela se aventure a adaptar-se às rápidas alterações meteorológicas.  De um minuto para o outro tudo parece mudar à sua volta.
No coração do Parque corre o Soča, um rio de águas límpidas, de cor esmeralda, acessível a um dos mais concorridos trilhos percorridos pelos visitantes. Tendo a sua nascente a mil metros de altitude o  Soča desagua no Adriático tendo no seu curso trechos particularmente frequentados pelos praticantes dos desportos náuticos (kayak, rafting), que procuram desmentir quem o diz indomável e imprevisível. O vale também atrai os pescadores que, nas margens do rio, procuram capturar a rara truta marmoreada.
2. Após ter tentado um compromisso com o neorrealismo no seu «Noites de Cabíria (1957), Fellini procurou recuperar o personagem de Moraldo, o provinciano de «I Vitelloni», que se fora instalar em Roma, tornando-o protagonista do novo projeto que, após múltiplas transformações, converteu-se em «La Dolce Vita» (1960), filme que marca um ponto de viragem na carreira de Fellini e tornar-se-á num dos títulos de referência da História do Cinema.
Cannes premeia-o com a Palma de Ouro vendo Fellini a ajustar contas consigo mesmo: através da radiografia da sociedade romana, sem concessões nem complacência, assiste-se à primeira meditação do cineasta sobre o tempo que se vai esgotando, a realidade inelutável da morte, o medo de um futuro opaco e a redução da religião ao seu mero suporte publicitário. É também o primeiro dos filmes com Marcello Mastroianni, que se converterá no seu alter ego. O filme inaugura, igualmente, a estrutura em moléculas longas, sucessão de episódios mais relacionados pelos personagens do que propriamente pelas situações, que se sucedem...

Sem comentários: