quinta-feira, janeiro 18, 2018

(DIM) Como o Medo foi utilizado como veículo de propaganda

O ciclo sobre o Medo, que a Cinemateca está a promover durante este mês de janeiro, tem propiciado diversas abordagens tão só se coloquem comparativamente em equação alguns dos títulos exibidos. Uma delas pode ser a da forma completamente diferente como Hollywood abordou o tema antes e durante o Macarthismo.
Em 1942, «A Pantera» de Jacques Tourneur apelava para a inteligência do espectador que era convidado a imaginar a existência do monstro a partir de sugestões propiciadas por sombras e sons.
A II Guerra Mundial estava num ponto de viragem, os meios eram escassos para tornar possíveis grandes efeitos especiais e as alusões psicanalíticas de forte cunho sexual tinham de contornar os pruridos morais da censura. Tanto bastou para tornar possível um dos títulos maiores da produção cinematográfica desse período.
Sete anos depois a histeria anticomunista dos principais donos dos estúdios levavam-nos a produzir obras declaradamente de propaganda como é o caso de «Casei com um comunista».
Contam os livros, que Howard Hughes quis testar o «americanismo» dos seus realizadores e avançou com este projeto para cuja concretização foi convidando todos eles, um a um. Só à 13ª tentativa conseguiu encontrar o tarimbeiro, que se dispusesse a cumprir a empreitada. Chamava-se Robert Stevenson e a mediocridade com que a executou foi igual à dos demais filmes da sua carreira. 
A história era a de um ex-membro do Partido Comunista, que se via chantageado pelos ex-camaradas para prosseguir no esforço antipatriótico de pôr em causa as grandes virtudes do capitalismo americano.
Ao contrário do filme de Tourneur não era a inteligência dos espectadores a ver-se desafiada. Pelo contrário, pretendia-se infantilizá-los numa história com bons e maus, fazendo do castigo destes últimos a demonstração de que imitá-los nas ideias não seria aconselhável.
Em 1953, quando a caça às bruxas estava no auge, Byron Haskin realizou « A Guerra dos Mundos», baseado no clássico de H. G. Wells que o quase homónimo Orson transformara num enorme escândalo radiofónico.
A ameaça comunista era aqui ilustrada numa invasão extraterrestre, que comportava os receios de uma guerra nuclear. Visualmente o filme era muito bonito com o radioso Technicolor, forma bem embrulhada de transmitir a ideia de, apesar de intimidantes, os extraterrestres/comunistas acabariam por ser derrotados. 





Sem comentários: