Apesar de ter a sua estreia prevista para junho de 2018, «O Sentido da Vida» de Miguel Gonçalves Mendes é um dos filmes que aguardo com maior expetativa. É que, desde «José e Pilar», o realizador português de documentários é um dos mais interessantes criadores de estímulos intelectuais, que conheço. Quem senão ele, conseguiria oferecer-nos o mais memorável e inteligente testemunho sobre a personalidade do nosso Prémio Nobel?
Do filme já conhecemos a participação de Valter Hugo Mãe e de um astronauta, que colheu imagens em órbita da Terra para serem incluídas nele. Ambos entrevistados na paisagem espantosa da Islândia.
Agora também confirmamos a presença de uma artista japonesa contemporânea, Mariko Mori, que é autora de obras destinadas a integrarem-se nas paisagens onde elas possam ganhar novos sentidos de interação entre a presença humana e a Natureza.
É o caso da peça «Ring» por estes dias inaugurada em Cachoeira, próximo do Rio de Janeiro, e que ganha aspetos diferentes conforme a hora do dia ou da noite em que é vista.
O Sentido da Vida, de que fala o filme em causa, acaba por ser isso mesmo: sair das leituras mais comuns de um espaço, de uma realidade, e conseguir transformá-las em algo de inovador, de mais aprofundado quanto aos significados doravante discerníveis. Ora do que estamos mesmo precisados é de ver abanadas as conceções e as interpretações do presente, que só têm contribuído para manter incólume um sistema de exploração, que dá, porém, sinais de falência, abrindo portas para Utopias cuja exequibilidade se torne afinal evidente num futuro próximo, que nos obriga a exigi-lo bem diferente do que no-lo querem formatar os suspeitos do costume.
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