Um dos mistérios que a indústria do cinema desperta em mim é o da idolatria por uma atriz, que nunca me convenceu, mas ainda capaz de justificar que gente minha conhecida compre biografias sobre a sua vida banal ou se deixe fotografar a seu lado no Museu da Mme Tussaud. Falo obviamente de Audrey Hepburn.
Ora a RTP 2 deu neste último fim-de-semana a biopic sobre ela, produzida por Jennifer Love-Hewitt quando ainda tinha pouco mais de vinte anos e era já famosa pela sua participação em filmes de terror.
Realizado por um tarefeiro anónimo (um tal Steven Robman) o filme começa e acaba na rodagem de «Breakfast at Tiffany’s», que Blake Edwards rodou em 1961 a partir de um romance de Truman Capote. Então com 32 anos, Audrey Hepburn faz um balanço da sua vida até aí, desde o nascimento em Bruxelas em 1929, passando pela educação num colégio interno inglês até 1939, e pela ocupação nazi da Holanda, seguindo-se os primeiros papéis no teatro em Londres até a carreira ganhar velocidade de cruzeiro com sucessivos sucessos na Broadway e em Hollywood.
Datado de 2000 este «The Audrey Hepburn’s Story» é tão «melhoral» como todos os filmes da homenageada: nem fazem bem, nem mal. Fica a curiosidade de ela ter tido por idolatrado progenitor um nazi (interpretado por Keir Dullea, que só teve verdadeira notoriedade em «2001 Odisseia no Espaço») e de se sentir amiúde algo de falso na atriz principal cuja carreira cinematográfica terá tido aqui o seu fraco zénite. Quanto ao mais, não consegui ver qualquer semelhança entre os atores que fazem de Bogart, Mel Ferrer, Gregory Peck, William Holden ou Billy Wilder com os verdadeiros.
Ao fim de quase três horas continuo sem perceber o que tanta gente viu, e ainda vê, em Audrey Hepburn. Mas, provavelmente, será culpa minha...
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