As comemorações do centésimo aniversário da morte do escritor Henry James justificam que continuemos a contribuir para o seu melhor conhecimento. Hoje vamos dedicar-nos a alguns aspetos mais relevantes da sua biografia.
Nascido em Nova Iorque em 15 de abril de 1843 tinha como antepassado um avô irlandês, que acumulara sólida fortuna mo Novo Mundo de forma a que as gerações, que lhe sucedessem, se vissem poupadas á vergonha de terem de comerciar.
O pai era um visionário, que se manifestava criticamente contra a sociedade do seu tempo e, sobretudo, contra a religião. Esse carácter brilhante, também replicado no próprio irmão, William, que será influente filósofo, tornou o jovem Henry muito taciturno, sentindo-se insignificante perante tais rivais. Por isso habituou-se a percorrer as ruas de Nova Iorque em pose de sonhador, buscando razões explicativas para a sensação de sempre se sentir à margem de tudo quanto o rodeava. Outra estratégia de catarse consistia em tornar-se num rato de Bibliotecas, devorando romances e peças de teatro sem jamais se cansar.
Terá sido dessas leituras, que o fascínio pela Europa cresceu em si, quase alcançando uma dimensão mística.
Para educar os rebentos os pais de William e de Henry optaram por uma rotação infinda de professores, de escolas e de residências, de forma a garantir que eles se tornassem seres livres e sem preconceitos. Como a família escolheu radicar-se na Nova Inglaterra para melhor escapar aos efeitos da Guerra Civil, Henry irá imbuir-se do seu característico puritanismo, que incluía a introspeção e o conhecimento das funções, dos movimentos e das “leis naturais” da alma e de tudo quanto seria suposto integrar a “servidão e a grandeza da vida humana”.
Uma lesão na coluna vertebral irá incapacitá-lo nos anos em que poderia ser convocado para o teatro de guerra, dilatando-lhe a sensação de isolamento, de estrangeirado.
Começa a comparar-se a Tirésias, o filósofo da Antiguidade capaz de tudo ver e prever sem participar, mas sofrendo as consequências do que antecipava. James crê com tal convicção nesse “destino”, que quase o considera uma espécie de voto monástico, justificado pelo papel redentor na libertação da experiência humana da cegueira e da desordem.
Nessa chegada à vida adulta James sente-se na obrigação de transformar o desperdício da vida na sublime manifestação da arte. Mas depressa conclui que o seu talento não faz sentido na pintura, orientando-se preferencialmente para a escrita, quando a leitura de Balzac o entusiasma.
Inicia-se na criação de contos e de críticas, que publica nas revistas mais importantes dos EUA, sem mostrar, porém, as qualidades discerníveis nas obras posteriores, tanto mais que se revela excessiva a influência de Nathaniel Hawthorn.
Por essa altura o verdadeiro escritor ainda tardava em revelar-se.
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