Mais um conto de Salinger que poderia adaptar-se perfeitamente a um palco, constituindo parte de uma peça com vários quadros sobre o grande teatro do mundo.
Ginnie é uma miúda de quinze anos, que joga ténis há vários sábados com uma colega da escola, e é por ela deixada sozinha na sala da casa nova-iorquina onde vive enquanto espera ver-se ressarcida de metade do custo do táxi até ali. Sucessivamente vão por ali passar dois personagens, qual deles o mais singular.
Primeiro Frank, o irmão de Selena, que viera do Ohio onde trabalhara numa fábrica de aviões até decidir despedir-se. Agora desempregado, vai resistindo como pode às pressões paternas para que regresse à universidade.
A seguir é Eric, um amigo deste último personagem, que também estivera no Ohio e estava apostado em o levar dali para irem ver um filme do Cocteau. É que o amante abandonara-o nessa mesma manhã, levando tudo quanto de valioso partilhavam, e agora só lhe restava a solidão.
Interessada em Frank, Ginnie despede-se sem receber o seu dinheiro para ter pretexto para ali voltar nessa mesma noite.
A imprevisibilidade dos títulos de Salinger remetem-nos para um universo ficcional em poucas páginas, mas capaz de criar uma tensão impressiva em quem nele aterra. Confirma-se, assim, o que muitos dos apreciadores da sua escrita defendem: um talento imenso em, com poucos elementos, conseguir a criação de uma mundividência complexa, onde o que fica subentendido é muito mais relevante do que quanto se diz.
Sem comentários:
Enviar um comentário