Do seu fascínio pela cultura japonesa seria natural a Paulo Rocha a transposição de uma das suas obras mais celebradas - o «Genji Monogatari» que Shikobu Murasaki escreveu no século XI - para a realidade portuguesa dos anos pós-Revolução.
Neste filme de 1987 Luís Miguel Cintra interpreta o papel de um político em ascensão num pequeno, mas influente partido, que vai visitando amigos e familiares enquanto, em pano de fundo, se vai desenvolvendo uma crise política por muitos considerada superável se o Presidente o convidar para ser primeiro-ministro. Essas deambulações entre a cidade e a província vai ilustrando o ambiente de permanente intriga política, com os comunistas a manterem a sua forte influência nos campos alentejanos.
Seduzindo as mulheres à sua volta e causando admiração nos homens, João está destinado ao sucesso, sobretudo se for bem sucedido na missão de trazer de Roma a filha do político, que o lançara na ribalta, e aí ligada a conhecido terrorista. Mas tudo irá complicar-se com mortes trágicas de permeio e uma criança nos seus braços, que não chega a saber se é seu filho ou neto, mas será decerto seu herdeiro. Como é fatal na cultura lusa, haverá sempre um Desejado com estatuto de redentor, para corresponder a todos os esperados desafios do futuro.
Não sendo dos filmes mais estimados de Paulo Rocha é fácil nele encontrar alguns dos problemas de construção de diálogos e de interpretação, que o cinema português de então comportava.
Há quem goste muito, eu por mim nem por isso!
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