sábado, agosto 29, 2020

(EdH) As epidemias ao longo da História – 2ª parte


A cólera é uma bactéria que mata por desidratação. Em 1834 um surto proveniente de Bengala, detetado em 1817, chegou ao porto de Marselha, depois de atravessar toda a Rússia e a bacia mediterrânica.
As autoridades impuseram o controle das fronteiras e a quarentena causando grande polémica pública entre os seus defensores e os que nela viam entrave ao prosseguimento das atividades económicas (onde já vimos isto?). Os efeitos dissuasores da propagação da doença não surtiram efeito e só com os trabalhos de Robert Koch, na segunda metade do século, é que se consolidou a ideia de causa-efeito entre as péssimas condições sanitárias e a doença que, até hoje, já conheceu sete grandes epidemias e saldou-se por milhões de vítimas.
A gripe espanhola, na realidade norte-americana, surgiu em 1918, atravessando rapidamente o Atlântico e aproveitando as péssimas condições sanitárias do final da Primeira Guerra Mundial para, em três vagas sucessivas, causar 50 milhões de vítimas mortais (5% da população mundial), muitas mais do que os 19 milhões resultantes do conflito em si.
Apesar dos progressos da medicina e dos cuidados de higiene, nova gripe devastadora surgiu em 1968 em Hong Kong, logo potenciada com o avanço do inverno de 1969.
Surge logo a seguir a epidemia da Sida, transmitida sexualmente ou através do sangue, mas oriunda do sul da República dos Camarões, onde passara dos chimpanzés para os seres humanos. Em 1981 irradiou da Califórnia, e muito particularmente de São Francisco, num alarme internacional motivado pela letalidade da doença que, em quarenta anos matou 32 milhões de pessoas e, hoje me dia, apesar dos progressos dos tratamentos antivirais, ainda vitima anualmente 800 mil, sobretudo na África e na Ásia.
Outra epidemia assustadora, sobretudo por matar uma em cada duas pessoas afetadas pelo vírus, é a do Ébola, embora se mantenha cingida geograficamente na Libéria, na Guiné, na Serra leoa e na Republica Democrática do Congo, todos eles países em acelerada desflorestação, que favorece o contacto entre espécies selvagens outrora distantes dos contactos com os homens e a eles subitamente forçados.
Neste século, antes do covid, duas outras epidemias com coronavírus surgiram na Ásia e ali ficaram circunscritas.: o SARS em 2003, que grassou na China, em Taiwan e Hong Kong e o MERS em 2012 na Arábia Saudita, nos Emiratos Árabes e na Coreia do Sul. Uma vez mais constatou-se neste último síndroma respiratório, que a transmissão proviera de morcegos, que tinham passado o vírus aos dromedários.
E assim chegamos a esta crise atual, que detetada em Wuhan, se viu potenciada pela enorme migração anual suscitada pelas festas do Ano Novo chinês. Para já o resultado é uma crise económica com dimensão bem maior do que a verificada durante a Grande Depressão de 1929.

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