segunda-feira, agosto 17, 2020

(DIM) Outra Terra, Mike Cahill (2011)


Há filmes toscos que, na sua inocência e manifesta falta de meios de produção, nos merecem simpatia. Porque os seus criadores terão assumido uma tão grande vontade de passarem a filme uma história da sua lavra que justificam a nossa admiração para com o seu engenho para superaram as limitações e procuraram dar o seu melhor. Mesmo que a própria estrutura do argumento comporte fragilidades difíceis de ignorar.
Another Earth começa com uma jovem de 17 anos, Rhoda Williams, a receber a notícia da admissão no curso de Astrofísica no MIT. A alegria é tanta, que vai comemorar com os amigos, voltando embriagada para casa. Ao volante ouve a notícia da descoberta de uma outra Terra com continentes e dimensões semelhantes àquela onde vivemos. Não tem tempo para saber mais porque, nesse instante, acontece-lhe um daqueles breves momentos, que condicionarão todo o futuro: num cruzamento embate violentamente num outro carro, matando uma mulher grávida e o seu bebé e atirando o condutor em coma para o hospital, sendo ele um prestigiado compositor e professor de música em Yale.
Quatro anos depois sai da prisão mas o complexo de culpa é tanto que esquece os estudos e decide recalcar as angústias como empregada de limpeza. E vai procurar John Burroughs para lhe pedir desculpa, mas encontra-o tão desvairado no sofrimento que finge contactá-lo apenas para uma promoção da sua empresa limpando-lhe a casa sem desvendar quem é.
Nas semanas seguintes repete esse serviço sempre calando a identidade que só desvenda quando lhe cabe a sorte de integrar a tripulação de um voo civil para essa réplica da Terra. Nessa altura já se envolvera amorosamente com o viúvo, o que não evita ver-se expulsa dessa casa, que aprendera a conhecer tão bem. Dá-lhe, no entanto, o bilhete para que seja ele a viajar para Terra 2, porque, segundo uma teoria ainda por demonstrar, podem nela habitar as réplicas dos habitantes da Terra e porventura não terão cometido os mesmos erros, que terão precipitado os seus motivos de infelicidade.
Quatro meses depois da partida da nave ao encontro do planeta cada vez mais nítido no céu, Rhoda reencontra a sua dupla, que terá vindo procura-la num voo em sentido contrário.
Inverosímil nos pressupostos, Outra Terra teve algum sucesso ao estrear-se no Festival de Sundance, ganhando o estatuto de um tipo de cinema indie sci-fi, que não conheceu muitos outros sucedâneos dignos de menção.

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