sexta-feira, agosto 07, 2020

(DIM) O dia-a-dia de comunidades tão diferentes


Aprecio bastante os documentários. De tal forma, que lhes repito a experiência, quando me deixaram recordação memorável, como foi o caso de O Grande Museu de Johannes Holzhausen, que vira há meia dezena de anos, quando se estreara em salas portuguesas. Agora foi com o mesmo prazer que voltei a ver o dia-a-dia dos curadores ou dos peritos em restauro do Kunsthistorisches Museum de Viena na altura em que decorre a requalificação parcial do seu edifício principal para albergar a coleção de escultura e de artes decorativas dos Habsburgos. Foram estes quem mandara construir a instituição, inaugurando-a em 1891, com o objetivo de acolher as obras acumuladas no seu espólio.
Nunca recorrendo a voz off ou a depoimentos para a câmara, Holzhausen  possibilita-nos, porém, o acesso às reuniões administrativas onde se sentem algumas tensões internas entre diretores e dirigidos ou mesmo entre as espartilhadas equipas dos vários departamentos.
No final conclui-se com uma imagem metafórica: a da mudança de localização do quadro que Brueghel, o Velho dedicou à Torre de Babel, demonstrando-se a inevitabilidade de algo se mudar no que se pretenda perenizar.
Outro documentário, que me mereceu atenção foi Hálito Azul, que Rodrigo Areias rodou na aldeia piscatória de Ribeira Quente na ilha de São Miguel.
Tendo as palavras de Raul Brandão como estímulo, regista-se o dia-a-dia dos homens, mulheres e crianças numa comunidade a contas com a inevitável transformação da atividade, que a alimenta. Como se diz no filme, os pescadores cultivam o mar, enquanto os industriais exploram-no. E pressente-se a morte anunciada de uma cultura em que ganham presença as sereias e outros mitos centenários, não se adivinhando as alternativas, que garantirão futuro aos jovens, ali ainda decididos a imitarem os pais e avós na intenção de continuarem a viver da pesca...

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