(EdH) Há 150 anos uma guerra teve efeitos múltiplos nos tempos vindouros

Passam agora cento e cinquenta anos sobre a guerra franco-prussiana, que teve duas consequências maiores quando terminou em 1871, e marcou o que viria a ser a Europa desde então. Por um lado, com a queda de Napoleão III, definiu a França como um país definitivamente republicano na sua organização política. Por outro, ao garantir a coligação de outros Estados alemães, a Prússia conseguiria uni-los a si e transformar esse conjunto na poderosa Alemanha, que chegaria à Primeira Guerra em disputa direta com os vizinhos e a Grã-Bretanha cuja primazia militar, económica e cultural contestaria.

Essa guerra foi, igualmente, a primeira em que diversas tecnologias puderam afirmar-se: o comboio, o telégrafo e a fotografia. Esta última logo se transformaria numa importante ferramenta de propaganda porque, se os dois lados, convergiam em esconder as imagens dos seus próprios mortos, não enjeitavam a oportunidade para explorarem as dos inimigos como forma de concitarem os apoios dos seus cidadãos.

Existindo na época uma profusão de jornais e revistas populares isso não impediu que logo surgissem obras monumentais, algumas com 120 metros de comprimentos e 20 de altura - os Panoramas de 360º - que envolvendo totalmente os que os iam apreciar pretendiam dar-lhes a conhecer as vicissitudes das batalhas recentemente ganhas ou perdidas.  Tendo caído em desuso ainda encontrámos um, bastante interessante e sem cariz belicista, em Haia onde figura como uma das atrações, que vale a pena visitar. Nesse Panorama Mesdag revela-se como era a cidade e seus arredores - mormente a pequena aldeia de Scheveningen -, em finais do século XIX. A ilusão é tão conseguida, que quase parece estarmos num miradouro sobre uma paisagem real a estender-se à nossa volta.

Hoje há, igualmente, um artista austríaco, apostado em ressuscitar essa moda recorrendo às mais avançadas ferramentas fotográficas. Chama-se Yadegar Asisi e as suas obras parecem ainda mais convincentes do que outras, igualmente criadas mais recentemente no Futuroscope de Poitiers.