sexta-feira, agosto 28, 2020

(EdH) As epidemias ao longo da História - 1ª parte


O covid-19 deu ambígua notoriedade ao pouco conhecido, e quase extinto, pangolim, animal acusado de ter servido de veículo de transmissão entre o vírus existente nos morcegos e os seres humanos. Ficámos assim a saber que existem oito espécies de pangolins, quatro em África e outras tantas na Ásia e como são caçados para lhes comerem a carne e aproveitarem as escamas para a medicina tradicional chinesa.
Voltámos, igualmente, a ser confrontados com a História das epidemias, havendo vestígios das primeiras em meados do século XI a.C. no Crescente Fértil, que abrangia a Mesopotâmia e o vale do Nilo ou, igualmente, no vale do Ganges.
O sarampo foi a primeira doença letal e contagiosa a ser identificada, quando a domesticação dos animais domésticos, sobretudo dos bovinos, se acentuou e causou significativa mortalidade de quem vivia na Mesopotâmia por volta de 6500 a.C.
Com dimensão de pandemia - ou seja com âmbito mundial - distinguiu-se a varíola, detetada na China no séc. IV d.C. Três séculos depois já se propagara à Índia e à bacia mediterrânica, chegando à península ibérica través dos exércitos muçulmanos, que atravessaram o estreito de Gibraltar e vieram dar fulgor ao al-Andalus.
Nos séculos XI e XII a varíola andou para trás e para diante, entre a Europa e a Terra dita Santa, levada e trazida pelos cruzados. E, no século XVI, portugueses e espanhóis levaram-na nas naus e caravelas para o Novo Mundo causando um terrível morticínio nos ameríndios, que perderam 10% da sua população.
Por essa altura já toda a Eurásia tinha sido assombrada por outra pandemia, ainda mais letal: a peste negra, que aproveitou a aceleração das trocas comerciais e a urbanização dos grandes aglomerados populacionais para se propagar.
Curioso foi o sítio onde essa epidemia surgiu pela primeira vez: foi em 1334 na cidade chinesa de Wuhan, precisamente aquela donde proveio a atual ameaça sanitária. Através da Rota da Seda atravessou a Ásia Central. chegou à Índia e ao entreposto de Caffa nas margens do mar Negro, ganhando depois boleia dos mongóis para chegar à Europa, tendo também a via alternativa dos navios genoveses, que a fizeram chegar a Constantinopla, a Messina, e aos demais portos italianos e do Norte de África. Em 1347 chegava a Marselha, daí irradiando para as grandes cidades europeias. Nessa altura tudo valia para erradicar  o mal: orações e procissões, quarentenas e migração das cidades para o campo.
Em 1352 a peste já causara 50 milhões de mortos na Europa, ou seja entre 30 e 60% da população existente.

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