sábado, agosto 01, 2020

(DIM) A nova geração das centrais nucleares


Há um par de dias, quando quis pôr em causa a opção do governo de António Costa pelo Hidrogénio Verde, a SIC foi buscar ao caixote do lixo a que estava remetido um antigo secretário de Estado do anedótico governo de Santana Lopes. Clemente Sampaio Nunes é um dos mais notórios defensores da energia nuclear e aparece a defendê-la sempre que lhe dão palanque para dizer aquilo para que é pago pelo lobby  em causa. O que se lhe ouviu no jornal da estação de Balsemão nada teve de novo: uma diatribe populista contra o governo, acenando com argumentos estafados, mas que julga convincentes para os «contribuintes» - termo usado e abusado pelas direitas - mais ignorantes.
Vale a pena olhar para os interesses defendidos por esse figurão e aprofundar as consequências do que poderia acontecer acaso ele tivesse conseguido ficar no governo mais do que os meses que Jorge Sampaio consentiu ao mais ridículo dos primeiros-ministros do pós-abril de 74.
O documentário de Mika Taarila e Juka Ferola, cujo link aqui se anexa, aborda a construção da terceira central nuclear na ilha de Oikiluoto, na Finlãndia onde já existem outras duas. Apesar de saberem dos riscos de um acidente, replicando na região o sucedido em Chernobyl ou Fukushima, a população aceita-os por ter como contrapartida o pleno emprego. Há quem hipoteque a vida em troca do ordenado recebido mês a mês.
Porém, os problemas agravaram-se desde 2004, altura da decisão quanto à construção, cujo término tem sido sucessivamente adiado devido aos atrasos logísticos, aos custos exponencialmente agravados e à dificuldade em decidir o sítio menos mau para a implantar.
Por muito que o lobby pró-nuclear continue muito ativo a opção por essa fonte de energia vai deparando com crescentes dificuldades. Não só ambientais, mas também políticas e económicas. Mas os seus lobistas continuam a ter o descaramento de aparecerem, quanto mais não seja para quererem convencer as populações das desvantagens das alternativas consensualmente aceites como as mais adequadas para responderem aos desafios das alterações climáticas.

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