1. Neste sábado ao fim da tarde, o canal franco-alemão ARTE exibe um documentário sobre a catedral de Santa Sofia, que conheceu ressurgimento mediático nos dias mais recentes devido à decisão do ditador turco Erdogan em pôr cobro à secularização imposta por Atatürk em 1923, voltando a fazê-la funcionar como mesquita.
A longa-metragem realizada por Olivier Julien e Gary Glassman tem, porém, outro interesse que não esse, até por ter sido rodado há seis anos atrás, quando essas delicadas questões políticas e culturais ainda não se colocavam: admirado pela capacidade de resistir aos muitos sismos, e até terramotos, padecidos pela grande metrópole turca desde que assumiu a forma atual em 537, a catedral poderá não mostrar a mesma resiliência em futuras ocorrências semelhantes, que se preveem como possíveis nos anos vindouros tendo em conta as características geológicas da região. Sainte-Sophie dévoilée acompanha o trabalho científico dos especialistas apostados em detetarem as fragilidades estruturais do edifício e como podem ser colmatadas para prevenir imprevisíveis danos.
2. No mesmo canal, e mais para o fim da noite, passa outra longa-metragem não menos interessante: em Tulla, l’homme qui dompta le Rhin, Peter Bardehle aborda a biografia do engenheiro Johann Gottfried Tulla, que viveu entre 1770 e 1828 e ganhou notoriedade graças à conceção da grande obra de ordenamento de todo o território coberto pelo rio Reno na sua parte mais a montante, eliminando-lhe os meandros naturais em proveito de um traçado retilíneo, que facilitasse a navegação e melhor definisse a separação fronteiriça entre o grão-ducado de Baden e a França.
Tendo morrido antes de concretizado o projeto, Tulla é considerado um dos mais influentes artífices da intensificação das trocas comerciais intraeuropeias e da criação de novas cidades e portos. Porém, noutra perspetiva, os danos ecológicos suscitados pela sua megalómana operação são, hoje, impossíveis de contabilizar.
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