sábado, abril 27, 2019

(S) Uma Invocação de Shakespeare por Berlioz


O Concerto desta sexta-feira à noite no CCB, dito inaugural de Os Dias da Música de 2019 - embora na véspera já tivéssemos assistido aos «Sonhos de uma Noite de Verão» de Mendelssohn! - teve bons motivos de interesse a começar pelo facto de contemplar peças raramente ouvidas em concertos entre nós. Mesmo não tendo uma particular simpatia pela obra de Berlioz testemunhámos um desempenho competente da orquestra dirigida pelo seu maestro habitual, Pedro Amaral, uma interpretação convincente do Coro Ricercare e uma boa prestação dos cantores, sobretudo de Luís Gomes, que teve sobre Luís Rodrigues a vantagem de não ver a orquestra a abafar-lhe a interpretação. E houve André Gago a personificar o compositor, replicando-lhe os excessos românticos, consonantes com esses anos 30 do século XIX, quando Berlioz entendeu oportuna a orientação da sua criatividade para o universo de Shakespeare, que tanto o impressionara em 1827, quando vira a sua adorada Henrietta a fazer de Ofélia em «A Tragédia de Hamlet». Não imaginaria, então, que o casamento desiludiria tanto quanto dele esperara.
Hoje volta a haver mais com propostas, que nos darão acrescidos motivos de satisfação melómana.

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