sábado, abril 06, 2019

(C) Os enigmáticos quasars



Demorei bastante tempo a perceber o que eram os quasars, mas não admira: durante décadas os astrónomos olharam para os céus, constataram a existência desses objetos luminosos muito para além das distâncias passíveis de serem vistos pelos atuais telescópios acaso fossem meras estrelas, porque estariam a mais de mil milhões de anos-luz da Terra.
Os porfiados estudos a eles dedicados permitiriam compreender a sua localização no centro das respetivas galáxias, mas com uma energia acumulada equivalente a milhares de estrelas. Durante muito tempo questionou-se o que explicaria uma tal concentração energética num ponto específico tão circunscrito. A existência de um buraco negro gigantesco em cada um deles começou a ganhar relevância nas teorias, que foram sendo elaboradas. A intensa luminosidade dever-se-ia à prodigiosa quantidade de materiais em vias de serem sugados por esse vórtice.
Em novembro de 2015 a Astronomia foi abalada pela identificação da galáxia mais brilhante do Universo, ainda que invisível à observação direta pelos nossos telescópios por emitir luz apenas na faixa dos infravermelhos. Começou, igualmente, a estranhar-se que os quasares produzidos por esses buracos negros tivessem uma maior antiguidade do que se poderia imaginar, não distando tanto do inicial Big Bang, quanto suporiam as teorias que defendiam a formação desses fenómenos astronómicos a partir de estrelas enfim chegadas ao fim do seu ciclo de vida. Foi, igualmente, por essa altura, que começaram a ser detetados singulares jatos de materiais a partir desses quasares e em direção ao vazio intergaláctico, abrasando tudo quanto encontrem no seu percurso, embora só em 10% dos já detetados 200 mil  se constate essa característica. E provavelmente criados a partir de prováveis colisões entre várias galáxias, tal qual se calcula vir a suceder entre a nossa Via Láctea e a de Andrómeda daqui a cerca de quatro mil milhões de anos. Pode-se conjeturar que galáxias morrem para dar origem a outras donde emergirão novas estrelas e sistemas planetários.
Embora a própria Via Láctea possua um buraco negro no seu centro, o Saggitarius A, ele é dos tais que não projetam apocalíticos jatos de materiais. A menos que esteja tão só adormecido, à espera das condições propicias para entrar numa fase ativa. É que já há quem defenda serem essas fases ativas ou inativas dos quasares a expressão do verdadeiro sentido da sua existência: a de regulador do número de estrelas existentes, ora promovendo a sua destruição, quando demasiadas numa determinada zona mais densa do Universo, ora a sua criação, quando elas rareiam.
Na realidade trata-se de assunto cósmico sobre o qual ainda muito falta conhecer.

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