quinta-feira, abril 11, 2019

(AV) Quando Matisse foi beber inspiração ao Tahiti


Em 1930 Henri Matisse sentia-se num impasse criativo. Estava com sessenta anos e desconhecia que rumos dar a uma expressão artística, que parecia estagnada desde o fauvismo de que fora um dos principais impulsionadores.
Não duvidava que o recurso a cores vivas continuaria a ser a sua escolha, e foi para o confirmar que decidiu visitar o refúgio quase definitivo de um dos pintores, que mais admirava: Paul Gauguin. A conjetura sar-lhe-ia acertada..
Os três meses que viveu em Papeete foram-lhe determinantes para tudo quanto criaria nos vinte e quatro anos subsequentes. A estadia serviu-lhe para refrescar o olhar em tudo quanto de original ali se lhe deparou, desde as cores intensas dos peixes e das frutas e legumes vendidos no mercado até aos panos bordados, que, usados como páreos ou outros fins decorativos, ocupavam os dias de muitas mulheres.
A Amélie, que ficara em França, escreveu cartas enfáticas sobre tudo quanto estava a descobrir, pressupondo a influência que a experiência engendraria no que faria doravante. Os desenhos muito depurados, a refletirem a flora polinésia, ou os guaches colados, que fundamentariam muitas dessas obras posteriores, fundamentaram-se nas aquisições estéticas dessa breve visita.
Pode dizer-se que, embora curta, a viagem de Matisse ao Tahiti, seria determinante para caracterizar o seu derradeiro ciclo criativo.

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